3 de Outubro de 2013

Acordamos cedo para irmos com tempo, pomos todo na Capitana e enfiamos caminho ao porto de Algeciras. Chegar é bem fácil, não tanto orientarmos-nos dentro devido as obras que está a sofrer, tanto é assim que acabamos atrancados na entrada ao parking de carros, mirando um cartaz que proíbe a entrada a motocicletas e sem saber bem que fazer, ao final resolvemos dando a volta e percorrendo uns metros em direcção contrária e, agora sim, poder chegar à zona de motos.

Chegamos ao banco de Trasmediterranea para comprar os bilhetes:

– Queríamos uns bilhetes para Tanger, por favor. Dois passageiros e uma moto.
– Ummmm, mas o ferry para Tanger não sai até as 11:00.
– Sim, isso põe no taboleiro.
– Têm lá outro que sai mais cedo.
– O da outra companhia?
– Sim.
– Está-me a dizer que melhor que vaia com outra companhia?
– Não terão de esperar tanto.
– Já… mas o bilhete é mais caro.
– Sim, isso sim.
– Então preferimos aguardar até as 11:00.
– Como queira, são 120€

Já com os nossos bilhetes aproveitamos o tempo de espera para almorçar um “pitufo”, (Smurf na Espanha), que é como lhe chamam aqui a uma torrada de tomate com azeite e um café com leite.
Desfrutamos da comida favorita de Gargamel e, ainda que temos tempo de sobra, decidimos que é hora de recolhermos a Capitana para avançar até a zona de embarque. Mas o que não esperávamos é que a moto não estivera soa, todo um exército de formigas decidiu instalar-se nela, quiçais com a intenção de cruzar a África como polições.

embarque

Ainda falta tempo para a partida mas atopamos uma ringleira considerável de carros, formada quase ao completo por famílias marroquinas voltando a casa para celebrar o Eid al-Adha, alguns aventureiros despistados em 4×4… e nós. Ocupamos o nosso lugar na linha e fazemos uso da nossa resignada paciência.
Após a espera conseguimos passar dous postos de controle, amostrar os documentos requeridos por três vezes e entrar com a Capitana no ferry, todo isso sem cair ao chão, todo um logro dadas as minhas habilidades de pilotagem.

Deixamos a moto ao cuidado dum operário que se dispõe a atá-la para evitar desgostos durante a viagem, mais tarde descobrimos que a Capitana viajou bem acompanhada de duas primas escocesas suas.

Teneres

Subimos à zona da passagem e preenchemos o documento de entrada ao pais, já não há volta atrás, estamos embarcados e África aguarda!.

Reliquia         partimos

el estrecho         estrecho en calma

Ao sermos dos primeiros em embarcar não tardamos muito em acabar com a papelagem burocrática e ficamos livres para dar uma voltinha pela coberta do barco, o qual semelha ter já certa idade; já nos avisara a nossa amiga Elba, que trabalha na companhia que opera esta linha, chamando de “relíquia” ao Ciudad de Málaga, que é o nome da embarcação que nos transporta. O curioso é que o trâmite parece muito mais rápido para os turistas que para os próprios marroquinos, que aguardam turno pacientemente para selar a entrada ao seu país. De feito a fila de gente não diminui em toda a viagem, e que passará se algum deles esqueceu algum documento? Tem de ficar no barco e depois é mandado de volta à Europa? Não seria melhor comprovar isto antes de embarcarem? Ou igual não, quiçais está pensado para que esta gente não se decate de que na televisão do barco estão a por um documental, mas não um qualquer… um sobre terrorismo islâmico! Não se pode ser menos afortunado na escolha.

Não há muito mais que fazer, acomodamo-nos nos nossos assentos, situados estrategicamente ao lado dumha tomada eléctrica para carregar os telemóveis, e aguardamos pacientemente a que o ferry nos leve até terras africanas.