Há lugares aos que há que chegar de trem, e se ademais o fazes levando contigo uma bicicleta é já roçar a perfeição.
Fischen é um desses lugares.

Nós, que por não saber nem sabíamos da sua existência, rachamos todo o romanticismo chegando de carro e buscando um supermercado. Saímos da casa sem um destino claro e sem apenas planificação, com a única premissa de desfrutar juntos do sábado, ver de comprar algo de comida no caminho e fazer um bom jantar ali onde nos dera por parar. Decidimos cruzar a fronteira, deixando atrás Austria e passar a Alemanha para mudar um pouco de cenário, isso e também porque é um país mais barato ;). Por suposto quisemos fazê-lo evitando a tediosa autoestrada, o que nos levou a atravessar as montanhas do Bregenzerwald.

Por muitas vezes que visite esta área a sua paisagem continua a impressionar-me, curva após curva acompanha-nos o belo ambiente rural das suas vilas, a cuidada arquitectura alpina e a espectacular vista das montanhas. Por não faltar nem falta um corte na estrada, que nos tem detidos para deixar passo a um rebanho de vacas – aqui até os engarrafamentos têm o seu aquele – cinco minutos depois retomamos estrada e o GPS guia-nos cara Fischen. Quiçais por inesperado, assombra-nos a formosura do lugar, até o prédio do supermercado tem encanto.

A via do trem decorre paralela a um fermoso canal e atravessa a pequena vila, funcionando como uma artéria pela que chegam comboios carregados de ciclistas e caminhantes. Fischen é um popular ponto de partida para excursões de montanha tanto a pé como de bicicleta, já que oferece mais de 50 Km de roteiros para hiking e caminhada. Isto unido a diversidade da sua paisagem convertem esta vila e toda a comarca num pequeno paraíso dos desportos de aventura.

Tal é a quantidade de bicicletas que até na auga há uma, não quisemos comprovar se o proprietário ficara debaixo.

Logo de desfrutar do nosso jantar é hora de explorar um bocado os arredores. Cruzamos uma pequena “fraga urbana” -se é que tal conceito existe- na que divisamos uma família de esquios a morar nas altos pinheiros. Saindo da floresta batemos com o rio Iller, que baixa selvagem e com força e oferece um agradável passeio na sua margem.

Pessoalmente adoro a fase de preparação duma viagem, para mim faz parte da mesma e é onde a diversão começa, mas há vezes que é melhor não preparar nada e simplesmente sair ao que atopes. Desta volta saiu-nos bem, de não tê-lo feito assim não teríamos encontrado este lugar, ao que com certeza voltaremos.